sábado, 12 de julho de 2008

SRPG - Thomás vs Rabay

Naquela cidade abandonada no meio do cerrado, os dois oponentes se encaravam, atentos um a qualquer movimento do outro.

Na laje de um pequeno prédio do lado esquerdo da rua, encontrava-se Felipe Rabay. O mago, do elemento luz, carregava na mão esquerda seu poderoso cetro, enquanto balançava os dedos da outra mão no ar, que cintilavam, preparados para os disparos dos primeiros Tiros de Luz da batalha.

Do lado oposto da avenida, sobre o telhado de um velho sobrado, postava-se Thomás Mei. Do elemento terra, o arqueiro mago empunhava seu potente arco cravejado e segurava a linha do mesmo, pronto para materializar a flecha mais necessária, dependendo das primeiras ações de seu adversário.
Os dois oponentes se encararam por mais alguns segundos. A cidade estava silenciosa.

Silenciosa demais, pensou Rabay. Atentou-se para qualquer variação, mesmo que mínima, da iluminação ao seu redor, uma das muitas habilidade que havia adquirido após anos e anos manipulando o elemento luz. Foi então que notou. Algo movia-se atrás de si. Deixou aproximar-se mais o que quer que fosse, aparentando não perceber que Thomás engendrava seu primeiro ataque – afinal, a batalha já havia começado. Não pela frente, mas por trás.

Rapidamente, Rabay girou no último momento para trás, atingindo duas trepadeiras que se alongavam, em busca de seus pés. Thomás materializou uma flecha mundana no ar e atirou-a com seu arco. O mago da luz inclinou-se para dela escapar, iniciando então uma corrida, pulando de laje em laje pelos prédios de seu lado da avenida.

O arqueiro, por sua vez, seguiu seu movimentos do outro lado, de telhado em telhado, apontando seu arco e atirando flechas. Ao mesmo tempo que lançava seus projéteis, Thomás controlava algo apenas com os olhos.

Rabay percebeu que várias plantas apareciam por detrás dos parapeitos das lajes que ele atravessava. Habilmente, enquanto desviava das flechas, lançava Tiros de Luz que explodiam os perigos tentáculos controlados pelo arqueiro mago. Mas logo estava cercado por todos os lados, e a mágica lhe parecia não ser suficiente para destruir todas as trepadeiras.

O mago, com grande velocidade, desenhou com os dedos indicador e médio em riste, dezenas de rastros de luz ao seu redor, que mais pareciam foices. Thomás agora só se concentrava em controlar as plantas, que praticamente encobriam-lhe a visão de Rabay. Foi então que lançou todas, ao mesmo tempo, na direção de seu oponente. Mas Rabay rodopiou no ar. As farpas luminescentes cortaram as plantas em pedaços; Thomás viu-as girando ameaçadoramente em volta do mago, conforme caíam os restos das trepadeiras.

Minha vez, sussurou Rabay. Aproveitou o movimento de rodopio que havia feito e lançou mais da metade das farpas na direção de Thomás. O arqueiro, tranquilamente, ergueu com grande velocidade uma barreira de terra na beirada do telhado sobre o qual estava. Parte das farpas atingiu a contenção em cheio; outra parte passou dos lados e acima de Thomás, sem lhe causar nenhum ferimento.

Rabay pulou então para a rua, ainda com a parte das farpas não lançadas girando ao seu redor. Thomás, por sua vez, deu um impressionante pulo, apoiando-se em sua própria barreira, prevendo cair em cima de seu oponente. Rabay aproveitou e lançou as farpas restantes na direção do arqueiro, ainda no ar. Mas ele facilmente fez uma nova barreira, dessa vez de pedras, que conteve a ofensiva.

O arqueiro apoiou-se sobre o próprio muro e saltou, dando um impulso ao mesmo, lançando-o então na direção de Rabay. O mago golpeou-o de baixo para cima com seu cetro cheio de energia, fazendo-o em pedaços. Viu então seu oponente ainda no ar, apontando e atirando flechas. Passou a dar pulos para trás, desviando de cada uma, que atingiam o chão. Rabay lançou então um braço para trás, depois disparou uma rajada de luz em direção a Thomás. O arqueiro desviou por pouco. Rabay repetiu o ataque, com Thomás quase chegando ao chão. Mais uma vez o arqueiro desviou. Depois da aterrissagem, em um ponto que separava os combatentes em cerca de quinze metros, Rabay lançou a terceira rajada. Dessa vez atingiu seu oponente, embora de raspão.

Isso não fica assim! - Thomás se recompôs rapidamente. Colocou as mãos no chão, e o mesmo, de terra batida, agora se movia como ele quisesse. Fez uma coluna de terra surgir logo abaixo do mago. Rabay defendeu-se com o braço livre, mas sentiu parte do golpe.

A coluna de terra desprendeu-se do chão e passou a flutuar no ar, na forma de uma bolota. Não só ela – Thomás já formava muitas outras esferas disformes de terra do mesmo jeito ao redor de Rabay. A primeira foi em sua direção. O mago a desfez com um potente golpe na horizontal do cetro. Atentou-se então às outras. Foi girando em volta de si mesmo e neutralizando cada uma com uma rajada de luz, espalhando terra para todos os lados. A última, deteve com um golpe do cetro. A terra que sobrou atingiu parte de seu rosto, obrigando-o a fechar os olhos por um instante.

Quando viu, Rabay estava cercado por dois sólidos muros, cada um de um lado daquela avenida. Olhou para Thomás. O arqueiro sorria, no final do caminho, com as duas palmas erguidas controlando as paredes, com mais de três metros de altura. Rabay disparou na direção dele, mas Thomás juntou as mãos. Rabay, em reação, ergueu seu cetro na horizontal e encheu-o de energia. As paredes do muro não o esmagaram por oitenta centímetros de espaçamento, tudo graças ao cetro que as conteve. Ambas tremeram com o impacto.

Thomás afastou-as um meio segundo e voltou a tentar esmagar seu oponente com os muros. Novamente Rabay ergueu o cetro, usando-o para conter as paredes. O mago então colocou ainda mais energia no cetro. As partes do muro de seus lados esquerdo e direito foram destruídas, levantando grande quantidade de poeira. Thomás por um momento não viu seu adversário.
Foi então que do meio da fumaça, algo saiu girando na direção do arqueiro. Era o cetro de Rabay. Thomás, com uma incrível habilidade, pegou o cetro ainda no ar, a centímetros da ponta cravejada atingir seu rosto.

Livrou-se da arma. Por que? - pensou num décimo de segundo. Foi então que percebeu Rabay aparecendo ao lado dos escombros do muro, lançando mais uma rajada de luz. Thomás pulou no ar. Pensou ter se esquivado do ataque, mas a rajada desviou-se, atingindo-o. O arqueiro aterrissou no chão, apoiando-se e ainda segurando o cetro. Rabay aproveitou e lançou mais uma rajada de luz, que o atingiu. Não muito afetado mas nervoso, Thomás rangeu os dentes.

O cetro! - raciocinou rapidamente. Mais uma rajada de luz lançada. Thomás lançou-se para o lado, na linha perpendicular à trajetória da mágica, enquanto jogava o cetro na direção exatamente oposta. A terceira rajada de luz atingiu apenas a parede de uma loja, causando uma explosão.

Os dois adversários então, passaram a se afastar. Rabay lançando dezenas de tiros de luz, enquanto Thomás, suas flechas após ter empunhado o arco novamente. O mago aproveitava para se aproximar de seu cetro.

Thomás passou para a ofensiva novamente. Enquanto corria na direção do oponente, pulava e lançava várias flechas de uma vez. Rabay desviava, cada vez mais próximo de sua arma. Foi então que Thomás deu um grande pulo ficando acima da linha dos prédios, e com seu arco apontando para o mago. Ele, por sua vez, percebeu o movimento, e sem se desviar do cetro, saltou e rodopiou no ar, preparando duas rajadas de luz ao mesmo tempo. Mas então notou, com sua visão aguçada, a flecha negra e tremeluzante que o arqueiro lhe apontava. Surpreendeu-se por um momento.

Flecha sísmica! – Pensou o mago. Thomás atirou a flecha. Não em Rabay, mas no solo. Como uma pedra caindo num lago, o projétil fez toda a terra vibrar em ondas harmônicas. As construções ao redor trincaram e parte de algumas ruiu. Rabay pousou e controlou-se para não ser atirado para cima, sentindo as impressionantes vibrações da técnica.

Thomás, ainda no ar, preparou rapidamente outra flecha e a atirou, atingindo bem o epicentro do terremoto que formava, e justamente quando o mesmo estava em seu ponto mais baixo. A combinação das ondas ampliou o efeito destrutivo. As casas e prédios ao redor em grande parte desmoronavam. Antes que a nova onda o atingisse, Rabay saltou no ar, aproveitando uma das ondulações mais fracas, resultantes da primeira flecha.

O arqueiro, por sua vez, ainda começando a cair na trajetória balística que descrevia no ar, lançou a derradeira terceira flecha, mais uma vez no epicentro do terremoto que criava. As grandes ondas de terra agora destruíam todos os prédios num raio considerável, lançando os escombros para cima. Rabay dessa vez foi atingido, sentindo a força impressionante da técnica.

Thomás pousou nos destroços do que antes era um prédio de dois andares. Rabay caiu e se agachou por um instante, mas se levantou. Havia sentido o poder da técnica, mas de forma alguma ela havia abatido-o. Cuspiu um pouco de sangue da boca, e usando uma espécie de corda de luz, pegou seu cetro, que se encontrava próximo.

Os dois se observaram por um momento. Prepararam-se então para reiniciar o combate.

3 comentários:

Anônimo disse...

Mano, você se superou nesse post!!

E por incresça que parível eu vi você dando aqueles mortais olímpicos quando vc "saltava pra trás" 8D

Que venham mais dessas batalhas \o/

Abraço

Anônimo disse...

Como te disse, Rabay... gostei bastante do seu relato ^^
Continue assim =)

Thomás disse...

Muito bom. \o
Espero ancioso pela continuação dessa luta incrível. Tenho sugestões boas.

Até fiz um pequeno tema musical dessa batalha.

Que venham mais batalhas \o/