quinta-feira, 17 de julho de 2008

SRPG - Thomás vs Rabay [parte II]

- Te cansei? – perguntou Thomás, com um leve sorriso no canto da boca. Permanecia empunhando seu arco com a mão esquerda, enquanto a direita repousava no ar, num estranho gesto.

Rabay permaneceu em silêncio, aparentemente concentrado. Alongou os braços paralelamente ao corpo, e passou a energizá-los. Alguns segundos e já estavam brilhando fortemente.

Subitamente, o mago disparou em direção a seu adversário. O arqueiro, por sua vez, endureceu a expressão, ao mesmo tempo em que materializava uma flecha, já esticando a linha do arco. O projétil, dessa vez, era diferente: parecia ter sido esculpido de uma pedra preciosa bruta de cor vermelha, e cintilava, com fortes emanações de energia.

Thomás atirou. Como um raio, a nova flecha riscou o ar. Rabay, ainda correndo, fez um movimento em arco com a mão direita, à frente do rosto. O rastro de seu braço, cheio de energia provinda da luz, formou uma espécie de proteção, na qual a flecha explodiu. Independente do impacto, o mago continuou a correr.

O arqueiro formou mais uma flecha, dessa vez verde, provavelmente de esmeralda. Rabay defendeu-a do mesmo jeito, dessa vez com a mão esquerda. Thomás criava e atirava diversas flechas, e mesmo que tivesse atirando-as cada vez mais rápido, Rabay conseguia se defender de todas.

O que ele quer, se aproximando tanto? – pensou o arqueiro. Sabia que o mago se tornava cada vez mais vulnerável, quanto mais próximo estivesse. E agora, ele se encontrava a pouco mais de cinco metros. Após mais uma flecha mal-sucedida, notou uma baixada na guarda de seu adversário. Uma fração de segundo. O ombro estava desprotegido. Thomás materializou e lançou uma flecha de rubi o mais rápido que pôde.

Dessa vez, Rabay foi alvejado. A flecha estilhaçou-se em seu ombro, e o mago sentiu o poder do projétil. Mas não deteve seu movimento.

Acho que vou conseguir! – confiou Rabay, jogando-se aos pés do adversário. Viu o mesmo materializando mais uma flecha. Precisava ser rápido, antes que o arqueiro apontasse o arco na direção de seu peito.

Jogou então os braços energizados para cima. Uma coluna iluminada, de aproximadamente dois metros de diâmetro, envolveu Thomás, levitando-o alguns metros acima do chão. Rabay, que estava agachado, levantou-se. Gesticulava no ar, apontando para a coluna.

Thomás tentava se mexer, mas não conseguia. Via seu arco flutuando, a alguns centímetros de seu corpo. Seu adversário se distanciava com passos constantes, ainda fazendo gestos estranhos com as mãos. O arqueiro notou, então, que a coluna de luz dentro da qual levitava tinha seu brilho aumentado gradativamente.

Rabay continuava a gesticular no ar, cada vez mais rápido. O mago desviava os raios de luz num raio de centenas de metros para aquela coluna de luz, que ultrapassava as nuvens. Grandes áreas da cidade, uma a uma, eram deixadas na escuridão, enquanto a luz que as iluminaria era usada na batalha.

O arqueiro começou a sentir o poder da técnica lhe atingindo. Fechava os olhos com força, e cerrava os punhos, em meio àquela coluna de intensa luminosidade. Começou então a transformar a própria pele em rocha, enquanto a radiação o atingia duramente.

O mago parou por um momento os gestos com as mãos, e abriu os braços lentamente, com as mãos espalmadas. A algumas centenas de metros de altura, o símbolo elemental da luz podia ser visto, desenhado pelas áreas iluminadas e escuras.

Convergência solar! - Rabay, subitamente, juntou as mãos. Toda a luz que formava o símbolo se concentrou de uma vez na coluna, atingindo Thomás, por sua vez com a pele totalmente petrificada. Por alguns segundos o arqueiro sentiu a energia dobrada, talvez até triplicada da coluna, quando ela então se extinguiu, voltando toda a cidade à iluminação normal.

Thomás, no meio da queda, voltou seu corpo ao normal. Apoiou-se no chão, ofegante. A técnica havia feito uma enorme marca queimada, e da terra saíam veios de fumaça. O mago veio caminhando lentamente, com seu cetro na mão direita. O arqueiro colocou-se em posição de batalha rapidamente, esquecendo por um momento seu arco no chão. Fez um gesto com as mãos, e a terra começou a tremer.

Quatro golens de terra, com quatro ou cinco metros de altura cada, formaram-se do chão. O arqueiro ordenou que atacassem seu adversário, enquanto se distanciava. Rabay, parado, concentrou-se, segurando seu cetro. Não com uma mão e pela ponta certa, mas com as duas no meio, bem próximas à ponta cravejada. Thomás estranhou aquilo por um momento.

Formou-se, então, uma intensa coluna de luz, que ligava o cetro ao próprio sol. O posicionamento da estrela àquela hora do dia fazia com que aquela coluna de luz estivesse na diagonal. Rabay empunhava o cetro agora como se fosse uma espada.

A espada solar – lembrou Thomás, apontando o arco e materializando mais uma flecha, só como se estivesse testando o poder da técnica do mago. Atirou-a. Ela passou entre dois golens, e Rabay aniquilou-a facilmente, apenas colocando aquela coluna de luz na frente de si mesmo.

Os golens começaram a atacar. Rabay desviava dos golpes facilmente, enquanto guiava a coluna de luz com seu cetro. A cada movimento, rechaçava partes dos corpos arenosos dos golens, que caiam no chão, se desfazendo. Logo todos haviam sido destruídos. Rabay viu, então, Thomás a algumas dezenas de metros de distância, sobre um conjunto de escombros dos prédios que haviam sido destruídos.

O arqueiro fez um gesto com as mãos, e o chão começou a tremer novamente. Um novo e enorme golem começou a se levantar da terra. Era formado não só por areia, mas por pedras e grandes blocos de concreto, alojados em seu corpo. Atingia algumas dezenas de metros, e Thomás repousava em seu ombro.

Rabay, ligeiramente impressionado, “apagou” sua espada solar. Lançou uma forte rajada de luz enquanto o colosso se aproximava, que descreveu uma curva helicoidal no ar. A magia atingiu o peito do golem, explodindo e rachando parte dele, mas não o deteve. Rabay preparou-se para repetir a execução da magia.

Mas dessa vez, nada pareceu sair das mãos do mago. Thomás colocou-se em alerta.

Rajada invisível! – surpreendeu-se. A rajada, que não necessariamente precisava descrever uma linha reta, não era destinada ao colosso, mas a ele. O arqueiro só teve tempo de defender-se com os braços, machucando-se levemente. Mais rajadas invisíveis foram lançadas. O colosso, enquanto isso, continuava na direção de Rabay. Thomás desviava das magias lançadas contra ele com habilidade, mas não sem esforço.

Finalmente, o enorme golem criado pelo arqueiro estava a apenas alguns metros do mago. A criatura ergueu sua pesada mão e desferiu um golpe. Rabay, com agilidade, desviou-se no último segundo. Formou então rapidamente a espada solar de novo, e cortou o pulso do colosso. A criatura tentou atingi-lo com a outra mão, mas Rabay desviou novamente, e então correu entre as pernas do mesmo, cortando-lhe ao meio.

O mago pensou ter triunfado, mas para seu espanto, o colosso começou a se regenerar. Desfez a coluna da espada solar e tentou se afastar o mais rápido que pôde, mas a criatura girou em seu próprio eixo e caiu, tentando atingir o mago com o joelho. Rabay desviou por pouco do impacto direto, mas mesmo assim sofreu o golpe, ficando por um momento caído no meio de uma porção de rochas.

O golem levantou-se e preparou com o punho mais um golpe. O mago recompô-se, mas viu que não escaparia da grande mão do colosso. Com o punho prestes a acerta-lo, os olhos de Rabay brilharam por uma fração de segundo. Ao seu lado, formou-se um rastro de luz parecido com um pássaro, que o levou instantes antes do colosso atingir o exato ponto onde estava.

O rastro de luz tomou forma. Rabay então controlava um enorme pássaro brilhante, posicionado no centro de seu peito, com os braços abertos manipulando as asas. Distanciou-se rapidamente do enorme colosso, que virava o pescoço em sua direção, enquanto Thomás observava. O mago ganhava cada vez mais altitude.

O arqueiro, com apenas um dedo, criou uma enorme pedra bruta de rubi, de um ou dois metros de diâmetro, que atingiu pesadamente o solo. O colosso, então, segurou a rocha, e atirou-a com surpreendente força na direção do pássaro.

Enquanto deixava uma trajetória faiscante, a ave de luz voava em direção às nuvens. Desviou da pedra atirada com notória habilidade. Outras pedras, de esmeralda, rubi, diamente e outras pedras preciosas brutas, foram criadas e lançadas. Pareciam não obedecer à gravidade, continuando sua trajetória em direção à atmosfera. Rabay, enquanto controlava o pássaro luminescente, desviava delas, uma por uma.

Quase saindo da atmosfera terrestre, Rabay desferiu um golpe com o cetro numa das pedras lançadas, que passava a centímetros do pássaro de luz. Abandonando ele então, Rabay segurou-se firmemente à rocha, de rubi bruto, lançada pelo colosso. Usando o cetro para movimentar-se por aquela grande pedra, Rabay posicionou-se na parte traseira, sofrendo os menores efeitos possíveis do atrito com o ar. Logo a rocha estava no ápice de sua trajetória parabólica.

Resistindo às condições adversas, o mago viu as estrelas. Ergueu seu cetro, e passou a concentrar a energia delas na arma. Em alguns segundos, ela estavam cintilando incrivelmente, com faíscas azuis em volta.

A rocha começou a cair, na parte descendente de sua trajetória. Assim que entrou novamente na atmosfera, Rabay avistou o imenso golem de Thomás, a centenas de metros de distância. Várias outras rochas caíam da atmosfera, que o golem havia lançado. A ave de luz não estava longe. O mago posicionou-se em cima da pedra bruta de rubi sobre a qual ainda estava, e que continuava sua demorada queda. O cetro cheio da energia das estrelas estava em uma mão. A outra ele colocou sobre a rocha, e apontando na direção do golem.

Lançou então uma poderosa rajada de luz. Quando atravessou a pedra bruta de rubi, estilhaçando-a em centenas de pedaços, a magia tornou-se muito mais forte, e ganhou as colorações de todo o espectro. O raio prismático cortou os céus da cidade.

O arqueiro saltou no último momento. O colosso foi atingido em cheio no peito, sendo destruído em milhares de pedaços. O arqueiro levantou-se entre os escombros, levemente ferido e rangendo os dentes. Passou a se concentrar furiosamente.

Rabay foi pego novamente pelo seu pássaro, a algumas dezenas de metros antes de colidir com o chão. Com o cetro cintilando poderosamente na mão direita, voava aceleradamente na direção de seu adversário, deixando dois rastros luminescentes: um de luz branca, da ave invocada, e um de luz azulada, muito mais forte, criado pela trajetória de seu cetro.

Thomás começou a levantar enormes massas de terra ao seu redor, de dezenas de metros de diâmetro, o que Rabay viu à distância com surpresa. Com um rápido fechar das mãos, aquelas grandes porções foram comprimidas em pequenas rochas negras, tremeluzentes e cheias de energia, com densidade de milhares de toneladas por metro cúbico. Dezenas delas pairavam no ar, sobre enormes crateras do que antes era a cidade.

Com a distância cada vez menor entre os dois, o combate aproximava-se de seu final.

3 comentários:

Ivan Yukio disse...

Avise as pessoas quando postar no meio da semana senão não irão ler hein eheh

E vais escrever vc vs mais alguém depois?

Rabay disse...

Ah eu avisei quem eu fui encontrando mas acho que soh o danilo teve saco de ler heheh

Bom, se o pessoal aparecer eu tb posto, mas como não tenho nada legal pensado não faço muita questão também

Rabay disse...

Agora que entendi o q vc perguntou, heheh

Não sei se farei eu vs alguém depois, preferiria antes fazer uma luta entre duas outras pessoas (afinal não estou escrevendo nenhuma história, é mais um exercício de criar técnicas e descrever como eu imagino ser uma luta no SRPG). Mas como deu pra ver hoje, agora começaria uma luta 2x2, em seqüência à essa minha com o Thomás.