sábado, 24 de maio de 2008

Trodonte - Capítulo 1

Norte da Inglaterra - Cretáceo, 65 milhões de anos atrás

Em uma das muitas florestas de coníferas que cobriam o planeta ao final do cretáceo, um distinto grupo de dinossauros conscientes parava por um momento para um breve descanso.
Pertencentes à raça dos trodontes, esses dinossauros lembravam um pouco o animal do qual haviam evoluído, o Troodon. Os olhos ainda eram avantajados, mas em comparação aos dos seus ancestrais, estavam mais cobertos pela carne dos músculos ao redor, adicionando agressividade à fisionomia dos indivíduos. As pupilas permaneciam com a forma alongada, determinando-os definitivamente como répteis. A cauda havia diminuído consideravelmente, tornando-se mais um membro robusto que um elemento que ajudasse o dinossauro a correr com o corpo alongado na horizontal – mesmo porque os trodontes não mais andavam nesta posição, e sim de forma ereta. Os braços e o tórax apresentavam mudanças mais aparentes – haviam se tornado maiores e mais musculosos, acompanhando as necessidades dos trodontes em evolução. Já o focinho era mais retraído do que o dos ancestrais, tornando a forma do crânio mais compacta e menos alongada.


O curioso grupo vestia roupas de couro de diferentes cores, de diferentes animais caçados em torno de todo o mundo. Essas roupas, tais quais as roupas humanas, destinavam-se primariamente à cobertura das pernas e do tórax, com a diferença que as calças desses dinossauros possuíam uma terceira abertura, de diâmetro um pouco maior, para a cauda.
Diversos apetrechos pendiam das vestimentas do grupo, mas predominava a visão das armas que cada trodonte carregava consigo. Arcos longos e curtos, aljavas repletas de flechas, escudos, espadas curtas e longas, atiradeiras, dentre outras. Todo esse aparato, dada a época e a natureza de seus possuidores, tinha apenas uma explicação: eram caçadores.
Dos dez indivíduos que constituíam esse grupo, apenas um era do sexo feminino. A aparência das trodontes não era muito diferentes da dos trodontes, apenas os traços do rosto eram mais finos e delicados e os músculos eram bem menores. Mas o porte mais esguio conferia agilidade à elas, algo que poderia ser tão ou mais importante numa luta que a força física.
O nome da trodonte era Thescella Struthi. Extremamente bonita para os padrões desses dinossauros, suas escamas eram marrons e beges (enquanto boa parte do grupo tinha as escamas marrons e verdes), definindo sua origem como do Extremo Leste. O brilho de suas cores caracterizava-a, também, como uma jovem. Apesar de tudo isso, aquela jovem era tão ou mais experiente quanto todos os caçadores que a acompanhavam


O grupo de caçadores aproveitava a pausa comendo figos, uma das frutas que já existia no cretáceo. Já estavam em caçada há uma semana, e esta já se mostrava produtiva. Dois estegossauros havia sido habilmente separados do bando e abatidos, mais ainda faltava encontrar um dos ninhos das criaturas para coletar seus ovos.
Dois dos caçadores, provavelmente os mais experimentados e ao mesmo tempo os mais esforçados, conversavam animadamente sobre como haviam se saído no dia anterior, sendo que um deles havia dado o golpe final numa das criaturas.

- Pois então, você viu o ponto exato que a minha flecha perfurou o tórax do estegossauro? – disse um deles, cortando um pedaço de figo e engolindo-o, quase sem mastigar.

- Bem, eu não vi exatamente na hora em que você atirou, eu estava do outro lado. Mas sim, depois eu vi o ferimento, bem acima do ombro, antes de darmos o golpe de misericórdia. Mas por que você não acertou a cabeça primeiro? – perguntou o segundo caçador, enquanto procurava algo em sua mochila.

- A cabeça do estegossauro é pequena. – continuou, gesticulando com as mãos, quase como um professor empolgado – É aí que entra minha teoria.

O segundo caçador fez uma cara de leve surpresa, mas no fundo desconfiando das habilidades do colega. Tirou então uma moringa da mala, junto de dois copos. Serviu a si mesmo e ao falante colega de água, pegando então um figo e cortando-o para melhor mastiga-lo.

- Bem, na verdade, minha teoria não – seguiu na explanação o primeiro caçador. – Já encontrei muitos caçadores que dizem ter caçado estegossauros do mesmo jeito. A teoria diz que existe um ponto fraco logo acima do ombro desse dinossauro. Você viu o quão rápido ele caiu, logo com a minha primeira flecha?

O companheiro assentiu com a cabeça. Era verdade, o estegossauro havia caído excepcionalmente rápido para uma flecha que havia acertado o ombro.

- E você disse algo sobre isso… - foi então que o segundo trodonte sentiu uma repentina sonolência. Estranhou muito aquilo. Esfregou os olhos, mas de nada adiantava. Agora parecia meio tonto, entorpecido. Logo sua visão começava a falhar.

- Você está bem? – perguntou o primeiro trodonte. Segurou o amigo com as duas mãos pelos ombros, um segundo antes dele desmaiar em seus braços.

Confuso, o primeiro trodonte, então, começou a sentir o mesmo que o amigo. Ficou em pânico ao olhar em volta. Haviam mais dois do grupo caídos. Ele botou o companheiro no chão e tentou alguns passos, mas caiu no chão, desfalecido. Antes de cair, olhou para a mão do companheiro, e então entendeu a causa daquilo: os figos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Ah, que bonito! Por enquanto, estou gostando da história! =)
Mas por quê há apenas uma fêmea?

Ivan Yukio disse...

"mas caiu no chão, desfalecido. Antes de cair, olhou para a mão do companheiro."

Arruma isso ae hehe
E diminua um pouco só a repetição de palavras, tem um parágrafo com mto trodonte nele.