Eu sinceramente não entendo nada de política. Me parece uma coisa em que tantos interesses e tantos fatores estão envolvidos, que não consigo tirar nenhuma conclusão exata. Por exemplo, afinal, o Brasil vive um bom momento econômico? Esse bom momento é resultado da gestão atual? Ou a suposta boa situação atual (ao que me parece) foi resultado das administrações passadas? Ou mesmo do crescimento econômico de todo o mundo, acompanhado da crise nos EUA? A pouca instrução do presidente Lula é fator crucial para julgá-lo como bom ou mau presidente? As denúncias que não param de aparecer – como analisa-las? Alguns dizem que o governo FHC teve tantos casos de corrupção quanto a administração petista, só que eles foram encobertos, por exemplo.

E então vem o ponto onde eu quero chegar: o voto. Mesmo eu não sabendo em quem votar, mesmo eu não “correndo atrás” (por, admito, preguiça e desinteresse) de um candidato para analisar suas propostas e comparar com as dos outros em meios confiáveis (embora eu me pergunte se eles existem de fato), eu sou obrigado a votar em alguém. Não só eu, mas milhões de brasileiros com mais de 18 anos.
Uma solução possível para essa minha indecisão (ou talvez seria melhor chamar de ignorância política?) seria votar em branco ou nulo. Mas aí vem outra linha de pensamento. Votando em branco ou nulo, é como se eu concordasse com a vitória de que está à frente nas pesquisas. E, considerando-se que o brasileiro, talvez por falta de instrução, talvez por falta de discernimento, talvez por uma simples naturalidade, possa acabar votando na melhor campanha em vez de votar naquele que seria o melhor líder ou no partido que tem as melhores propostas, o meu voto em branco ou nulo poderia ser interpretado como uma passividade ante essa situação. Poderia ser entendido como estar votando nesse candidato, que pode injustamente estar na frente.
O que eu tenho feito a respeito disso nas últimas eleições é certamente curioso. Já tentei decidir definitivamente, independentemente de números de pesquisas, entre um candidato e outro em situações passadas (claro, nunca de maneira muito interessada), às vezes alternando até entre três ou quatro, mas no final das contas, com a minha indecisão, acabava votando no segundo colocado. O motivo disso seria evitar a possibilidade de vitória em primeiro turno do candidato à frente nas pesquisas, também elevando seu número de votos, e assim prolongando a “discussão” (não só minha como do país inteiro).
Certamente essa não é a saída correta. Eu deveria pesquisar mais sobre cada candidato, comparar melhor as propostas e definir meu voto. Mas mesmo que eu vencesse a preguiça, eu seria capaz de discernir de fato qual o melhor candidato, com base nas informações que me fossem disponibilizadas? Além disso, mesmo que eu fizesse isso, quem garante que a maior parte dos brasileiros também faria?
Eu penso no voto facultativo como uma solução para esse problema. Se o voto não fosse obrigatório, teoricamente quem votaria seriam somente as pessoas que definiram seu voto com consciência, após analisar com bom senso os fatos (também nesse ponto entra um pouco de conscientização da população a respeito de não se deixar levar apenas por propagandas). Ou será que estou enganado, e as pessoas que se deixam levar pela simpatia de um candidato, por exemplo, continuariam votando do mesmo jeito, pensando estar fazendo o certo?
Agora, se caso o voto realmente não fosse obrigatório, então eu não votaria, assumindo minha ignorância política, ou mesmo meu desinteresse. Mas ao mesmo tempo deveria esperar que só votassem aqueles que realmente ponderaram antes de fazer a melhor escolha para o país.
Caberia um plebiscito para decidir se o voto deve ser obrigatório?