Foram necessários apenas alguns milhões de anos (diante das proporções titânicas das eras geológicas) para que aquelas criaturas da savana despertassem para a consciência.
Mas esse despertar, de forma alguma, não foi precedido por grandes saltos evolutivos que acabaram, muito tempo depois, por definir o que é um animal, e o que é um ser inteligente. Dentre eles, um dos dedos opondo-se aos outros, permitindo o manuseio de objetos, de armas, de equipamentos. Também a caça em conjunto, potencializada pela visão binocular dos indivíduos, cada vez mais aguçada e permitindo a melhor percepção da profundidade. Outro exemplo, a capacidade de se comunicar, de criar e transmitir cultura através das gerações.
Após esse despertar, passaram-se alguns milhares de anos. Foi descoberto o fogo, a cerâmica, entre outros artifícios. Conjuntamente chegou a época em que aquelas criaturas se organizavam em numerosas tribos, aumentando a capacidade de sobrevivência em meio ao ambiente hostil, repleto de bestas de dentes afiados. As tribos não demoraram a se tornar cidades, quando aquelas criaturas descobriram que podiam plantar seus próprios vegetais, em vez de colhê-los. Ou mesmo criar, em vez de caçar, os pequenos animais do qual obtinham a nutritiva carne.
Até mesmo os assustadores monstros, não pareciam mais tão assustadores assim, quando criados desde o nascimento. As espertas criaturas da savana não mais precisavam caminhar, pois montavam nas bestas mais ágeis, ou mesmo nas mais portentosas. E as que não podiam ser domesticadas, eram caçadas por aqueles que não as temiam – aqueles que mantinham sua conexão com o passado animalesco, mas bem faziam uso de sua inteligência para permanecerem sempre como caçadores, e nunca como caça, em lugares nos quais, para a maioria daqueles da cidade, isso parecia impossível.
Passados mais alguns milhares de anos, eles se espalharam aos milhões pelas extensões continentais. As cidades cresceram e prosperaram, formando metrópoles onde os indivíduos produziam e comercializavam incessantemente. A tecnologia se desenvolvia lenta, mas continuamente. O mesmo acontecia com a guerra. Finalmente veio a interessantíssima época em que aquelas criaturas colidiam suas espadas, atiravam suas flechas e montavam suas bestas magníficas em nome de poderosos impérios.
Era então um mundo em pleno desenvolvimento, mas ainda em grande parte inóspito e perigoso. Aquelas criaturas haviam adquirido a inteligência, haviam se reunido e prosperado em seus domínios, mas ainda eram inocentes como civilização. Tal qual se repetiria, muito tempo depois.
Afinal, aquelas criaturas viveram 65 milhões de anos antes do primeiro homem.
Exercício
Há 10 anos
2 comentários:
Ansiosamente, espero o continuar do seu livro =D
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