sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Vítimas de muitos erros?


São 00:05 aqui no relógio do PC quando eu começo a escrever este post, e estou acompanhando pelo site do UOL as últimas notícias do caso da menina seqüestrada. A manchete diz que ela ainda está em estado gravíssimo.
Geralmente não sou de ficar indignado com esses casos, mas admito que fiquei com um pouco de raiva do seqüestrador, principalmente após sair do banho e saber, também pelo site do UOL, que o governo tinha anunciado que a menina tinha morrido (informação que depois foi desmentida). Acho que aquele desejo de que o criminoso pague, às vezes com a própria vida, é natural em grande parte de nós, após alguma atrocidade cometida. Afinal, se não morrer, é provável que a menina fique com seqüelas; sem falar da amiga, que também foi ferida.
Mas não quero discutir aqui nada de maneira passional. Quero discutir o que teria sido o mais certo a se fazer antes desses infelizes desdobramentos.
Vi uma matéria que destacava os três tipos de seqüestradores mais comuns: o terrorista, inexistente por aqui, que está sempre disposto a ir até o final; o bandido, que está disposto a negociar; e o sujeito emocionalmente abalado (o caso em questão), que é instável. Me pareceu uma classificação conveniente.
A ação da polícia foi a mais correta? Não sei se o seqüestrador chegou a se mostrar na janela por tempo suficiente, mas se chegou, não seria o caso de atirar nele com um rifle de precisão? Que eu me lembre, eram 6 atiradores posicionados, creio que estavam atentos à janela, a fim de aproveitar qualquer oportunidade.
Sei que a polícia num caso desses faz uma escalação dos níveis de prioridades, das vidas dos elementos em questão. Em primeiro lugar estão os reféns, ou seja, qualquer coisa que ponha a vida dos reféns em risco deve ser impedida. Em segundo lugar, estariam os bandidos e, em terceiro, os policiais (sim, pode ser estranho, mas se não me engano, os policiais devem colocar a vida do bandido acima de suas próprias). Claro que isso tudo é o ideal, e na prática as coisas são muito diferentes (principalmente na parte dos policiais colocarem suas vidas abaixo das dos bandidos).
É aí que vem meu ponto. As coisas são muito diferentes na prática. Se existe um manual, por que ele não é seguido? O exemplo gritante no caso é o retorno da amiga da ex-namorada ao cárcere privado, algo inconcebível. Tenho certeza que existem regras explícitas quanto a isso na parte de "Como agir em seqüestros" do manual da polícia.
Imagino, então, se os policiais não teriam pensado algo do tipo: "Não vamos arriscar abater o seqüestrador, vamos tentar tirar a menina na base da negociação". Não estou aqui subestimando o valor da negociação, mas será que a polícia não acabou "indo só no bom senso", descartando qualquer possibilidade de invasão prévia ou atirar no seqüestrador.
Por mais que a invasão (ou mesmo atirar no seqüestrador quando aparecesse na janela), previamente, pudesse parecer algo muito arriscado, a negociação também o é, principalmente no caso do seqüestrador desequilibrado. O que eu questiono é se a polícia não estaria usando o bom senso apenas, ignorando qualquer tipo de código. O que é muito feito nesse país, em todas as áreas imagináveis.
São 01:02, e a menina continua no mesmo estado. Não sou o dono da verdade, mas queria ser por um momento, só para saber se a polícia foi realmente incompetente nesse caso.

2 comentários:

dmariano disse...

Na minha concepção... a vida dele é a que menos valia ali, logo, podia ser tirada se assim tivesse a chance.

Não posso dizer muito já que perdi grande parte do caso, fiquei sabendo ontem pela Bibi.

Mas como sabem, meu lema é de que se está fazendo algo "errado" então esteja ciente que poderá ser punido, independente de quemo punir, ou como.

É claro que casos passionais são complexos, pois, como julgar a culpa de uma pessoa levada por sentimentos?
Ao mesmo tempo que, ele, sendo um ser humano deveria ter(e tem) a capacidade de controlar isso.

Anônimo disse...

Eu não vou questionar as ações da polícia porque não conheço as regras. Algumas coisas foram "exóticas" pra dizer o mínimo.

Mas não pegaria bem os atiradores matarem o Lindemberg, o pessoal dos Direitos Humanos cairia em cima (e não entendo porque não falou nada sobre a Nayara ou a Eloá, elas são tão humanas quanto o sequestrador).

Tem muito a ser discutido aqui. Só acho uma hipocrisia 30 mil pessoas irem ao enterro de alguém que não conhecem. É tudo uma grande festa.